sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Rimas do nada

O boi comia na roça
Capim a base de pó.
Que sobejou da garganta
Da pata da pena enfeitada.

Que o corvo, bem de madrugada
Perdeu para a siriema.
Porque, de bicho de pena,
De todos é  o mais arredio.

Da noite que só venta frio.
Do dia que só quer guarida.
Do guarda roupa da tia
Repleto de coisa enfeitada.

Que nada: me disse meu tio.
Abrindo o livro vazio.
Repleto de rimas do nada.

ElsonMSilva.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Conto ligeiro

Eu conto um conto ligeiro.
Se você for mais ligeiro,
Do que eu,
Eu conto outro conto ligeiro.

Eu conto um conto rasteiro.
Se você for mais certeiro
Do que eu,
Eu conto outro conto, de uma só vez.

E um conto ligeiro
Mais outro conto rasteiro.
Duvida, que no mundo inteiro.
Alguém conte um conto como eu.

ElsonMSilva

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Poesia tudo.

Poesia.
Quem de ti gosta que não se perca.
Quem de ti canta que não se queixa.
Quem em ti sonha, que não se mexa.


Se fala: cala.
Se rima:
Se ama.
Se odeia.

ElsonMSilva

Quem anda ligeiro

Caminhantes  errantes
Navalhas cortantes
Alto dissonantes
Ferrolhos sem porta.

O nó na aorta,
A quebra da telha,
O mel da abelha,
Centelha de pólvora.

Aberta a porta
Só entra quem quer.
Menino ou mulher,
Martelo certeiro.

Sou o derradeiro,
O ponto da corda
Que amarra e entorta
Quem chegar primeiro.

Por isso parceiro,
Medita direito.
Que o passo ligeiro
É marca no lombo.

De quem no assombro
Não pisa direito,
No desassossego
Se perde no tombo.

ElsomMSilva

Lua sem nada

Voar pouco.
Como um cadilaque louco
Com o barulho rouco
No meio da estrada.

Roupa esvoaçada
Cheia de poeira.
A bala certeira
Vidraça quebrada.

Noite enluarada
A sorte ligeira
Pó na algibeira
Da pólvora queimada.

A fé e mais nada.
No meio da feira.
Sem eira nem beira
Sem lua, sem nada.



ElsonMSilva.


quinta-feira, 27 de julho de 2017

O Homem Aranha no Brasil


Disseram que o homem aranha
Se programou pra voar
De férias para o Brasil.

"Teias de polivinil
Seriam bem mais seguras"
Disseram de antemão ".

Porque o fio de algodão
Pode quebrar na tensão
Dos ventos que sopram lá.

Quando ele aterrisou
O avião capotou
E num buraco caiu.

O homem aranha saiu
E já se viu numa enrascada:
Pediram a nota, já paga, da sua sacola de fio.

A taxa de importação.
Excesso de peso de mão
Multa por roupa inadequada.

Que furada, o grande super-herói.
Rápido,  inteligente, veloz.
Mas no Brasil, deu mancada.

Teve que voltar sem nada.
Pois a mala foi confiscada.
Por não ter licença ambiental.

Depois de  parar no hospital.
Para tomar uma vacina
Contra a febre amarela.

E ter ficado numa cela
Em regime especial
Junto com um macaco e uma ema.

Na Polícia Federal.

Elson MSilva.














Futuro pra além do passado





Que lança alcançará
O fundo do peito abatido?
Ou qual será o estampido
Do projétil em fuga?

Em busca do olhar
Esquecido.
Perseguido,
Gritando por não ter culpa.

Com a cor do cabelo
Desbotado.
Pelo sonho marcado.
De um futuro perdido.

Como será o gemido
Do que grita calado?
Pior do que o que berra
Esquecido?

Ou do que sofre encolhido
Vendo o que é bom destruído
Dentro do homem falido
Modernamente antiquado.

Crescendo, e morrendo.
Dentro do próprio futuro.
Como quem salta um muro
Pra muito além do passado.


ElsonMSilva






terça-feira, 27 de junho de 2017

O amor é mais forte que a guerra


O amor
É  mais forte
Que ódio, a guerra, a revolta.

Porque esses
Têm a força de tirar
A vida.

E o amor:
De trazê- la de volta.

ElsonMSilva.




Corrupção





Bumerangue
Com navalha em todos os lados

É a corrupção.

Se lança ao longe.
E retorna para as próprias mãos.

ElsonMSilva

Melhor o anzol do que a algema.






Roubar
Não  vale a pena.

Melhor o anzol
Do que algema.

ElsonMSilva

segunda-feira, 26 de junho de 2017

O Grande avião


O mundo
Nada mais é
Do que uma bolha
De sabão.

Ou um grande avião.

Com os passageiros
Pensando que estão
Numa festa de São João.

Soltando fogos.
Bombas.
E rojão.

ElsonSIlva.

O que dói mais?


O que nos falta mais?
As fronteiras abandonadas?
A floresta ameaçada?
A notícia escancarada
Do maior herói preso, estampada
Nas manchetes dos jornais?

ElsonSIlva

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Depois que a festa acabou



Homens de ferro.
Heróis.
Mas que a ferrugem
Corrói.

Sapatos de prata.
Peito de aço.
Mas que o embaraço
Destrói.

Mente
Que sente
O presente
E o passado dói.

E o futuro.
Que futuro?
Se depois de tudo:
Sós.

Porque a festa
Acabou.
E da farra só restou:
Nós, celas e pós.


ElsonSIlva.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Saindo do buraco



Estamos saindo, enfim.
Do buraco
Que nos consumiu por inteiro.

Do lagar,  esquecido.
Do lugar destruído.
Da fundo do boeiro.

Da luz do candeeiro.
Da estrada de barro.
Do carro no lameiro.

Do erro
Do medo
De chegar a lugar nenhum.

Do som.
Sem cor e sem cheiro.
Como fumaça de isqueiro.

Como furada no dedo.
Queda de banheiro.
Fratura de tornozelo.

Como a moenda quebrada
Como a barca furada.
Como o Brasil  sem governo.

ElsonMSilva

quarta-feira, 29 de março de 2017

Aquela Aquarela


Pintura esquecida
No canto da sala.
A cor da opala.
À luz de vela.

Aquela aquarela
Que fala da ala.
Das moças que falam
Das suas paqueras.

As terras,
As matas,
Os lírios
Os vales.

Os mares,
Os ares,
As vilas
As selvas.

Os amores
Nas cores da tela.
Traduzido nas flores
No meio da relva.

Que já não se sabe,
Nem qual a sua cor.

Depois do computador,
Desbotou-se sua graça.
E ninguém que passa
Sente mais quem é ela.

ElsonMSilva




domingo, 26 de março de 2017

Os vilões


Chamaram os super heróis
Pra verem vilões escondidos
Embutidos.
Cobertos de pós.

Os sapatos polidos.
Fazendo um estranho sonido,
Como o gemido
Dos gatunos a sós.

Há pistas de que foram vistos.
Ora como artistas,
Ora como floristas.
Com gravatas sem nós.

Viram-nos de carrossel.
Voando em trenós.
Como papais Noel.
Voando pelo céus.

Distribuindo presentes.
Perfumes, legumes.
Pintando promessas
Nos muros, com pincéis.

Para virarem heróis.
Ou gatos de hotéis.


ElsonMSilva





sexta-feira, 24 de março de 2017

Quando se tira uma vida.

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É desumano. 
Inadmissível.
Um engano.


Quem pensa que se sai bem.

Tirar a vida 
Por uma moto? Um carro?
Uma carteira? Ou qualquer outro bem.

Não pensa,
Que isso valor nenhum tem,
Nem pode ser comparado 
Com a vida de ninguém.


Os sonhos;

Lembranças.
Alegrias, 
Brincadeiras.

Que ficarão marcadas
Nas vidas amarguradas
Daqueles que lhe queriam bem.


Erro dos que isso cometem.

Porque se esquecem;
Que quando se tira uma vida,
Mata-se a si mesmo.


Porque empobrece o mundo inteiro,

O choro de desespero
Pela morte de alguém.


ElsonMSilva




quinta-feira, 23 de março de 2017

Dormir em Paz

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Pescar nos ares.
Voar nos mares.
Se não cansares.

Se não morreres,
Se não calardes no que queres,
Se não parares.

Se não tombares,
Desanimares, jamais.
Não retrocedais.

E se não seres,
O que se dizem serem.
Os que não o são mais.

E nem tomardes parte.
Provocarás alarde.
E ficarás pra trás.

Mas, o que importa.
Que se te fechem a porta.
Mas que tu durmas em paz.

ElsonMSilva

Nova Estação ?


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Solte fogos no ar.
E dê saltos no chão.
Abra bem os seus braços.
Estenda as suas mãos.

Não se canse de cantar.
Solte sua emoção.
Está chegando no ar 
Uma nova estação.

Uma noticia nova,
Uma nova lição,
Uma nova alegria.
Uma nova visão.

Porque pintaram os portões.
E arrancaram as grades.
Parece uma nova cidade.
Parece a evolução.

Do que estava parado.
Esquecido no porão.
Será a revolução,
Dos que estão acordados?

Ou apenas mais um soldado.
Me esperando, parado.
Com sua arma na mão?

ElsonMSilva


terça-feira, 21 de março de 2017

Marcas nas mãos

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Enquanto os homens
Não aceitarem o que são.
De onde vieram
E nem entenderem para onde vão, 
Serão como carros, em alta velocidade.
Andando na contramão.

Insanamente, eles agem;
Não se importando com nada.
São inimigos do bem;  e companheiros do mal.
E se esquecem, que a vida real
Nada mais é que uma passagem.

Pra eles não faz nenhum sentido,
Nem dor nem gemido, nem aflição.
Nem de pai, nem de filho, esposa ou irmão. 
Daqueles, que por suas causas,
Foram jogados ao chão.

Vão praticando maldades;
Nas ruas, nos campos, cidades. 
Confiam na impunidade;
E como se nada os tocasse
Dão vida e alimentam a guerra.

E é, exatamente aí,
Onde tropeçam e erram.
Porque, se engana quem pensa
Que não existe sentença
Além dos fóruns da terra. 

Por isso, praticam maldades como uma diversão. 
Não sabem que assim assinam
Sua própria condenação.
Porque desconhecem
Que  quando a outro se fere.
Ficam as marcas nas mãos. 




ElsonMSilva









quinta-feira, 16 de março de 2017

Depois da Dificuldade



As dificuldades
Nada mais são
Do que espelhos
Com focos inversíveis:

Diante delas,
Parecemos derrotados.

Depois delas,
Invencíveis.

ElsonMSilva.










Poema para Miriam.



Declaro- te
Todo o meu amor.
Como o beija-flor
Quando beija a flor.

Como o Sol,
Com o seu calor,
Quando toca a rosa
que desabrochou.

Como o vento
Suave,
Que levemente varre
Toda a poeira da terra.

E que assanha a relva.
E que resfria a pedra;
E que sacode a selva
Para receber a chuva.

Como a uva.
Que esconde o vinho.
Como opassarinho
Que esconde o ninho.

Como a algodão
Esconde o fio,
A nascente esconde o rio,
E o botão de rosa o perfume.

Como a montanha
Que esconde o cume.
Como as estrelas
Escondem o nome.

Como o vagalume,
Que ao tênue lume,
Mostra a sua luz
E some.

Para que não se acabe.
E pra sempre dure.


ElsonMSilva.






domingo, 12 de março de 2017

Qual a Gloria?


Será essa a minha glória?
Ter escrito um poema;
Ter feito o gol aos quarenta;
Ser aprovado na escola?

Dormir do lado de fora.
Na hora daquela encrenca.
Não  ter perdido a crença
E não ter ido embora?

Será essa a melhor cena?
Voar nas asas da ema.
Ou beber água barrenta
No bebedouro da escola.

Pintar um quadro da hora.
Sentir o cheiro da tinta.
Ou dar a volta por cima
Pelo ferrolho da porta.

Não importa.
Se eu almoçar na cantina;
Ou esquentar a marmita
Cheia de coentro e cebola.

Ter feito a maior rima
Com todo mundo de boa.
Mais curta que cantoria
De sapo lá na Lagoa.

ElsonMSilva


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Retorno ao ponto de partida?


O mundo levou muito anos
Pra derrubar os muros.
Pra ajuntar os povos.
Pra reparar os danos.

Os anos, desssa longa história
Deixaram suas marcas.
Na terra. Nos homens, nas casas.

Na memória dos que lutaram
Contra a luta,
Ainda pulsa
As lembranças desumanas.

As fardas esverdeadas.
As crianças desnutridas
A esperança aultrajada.

E agora.
Depois de tanta conquista
A curva ao longo da pista
Com uma placa virada

Apontando:

Retorno ao ponto de partida
Tudo não valeu de nada.

Pra nada?

ElsonMSilva


A VIDA IMITANDO O TEATRO



A fumaça do óleo diesel.
O lado negro da pólvora.
Os arranha-céus escondidos
Ruindo por baixo das portas.

O sonido fino dos gatos
Os garfos tortos na mesa.
O uber,  na esquina parado.
O desfile da realeza.

O rico que desce escoltado.
No lado direito da pista.
Como um coelho acuado
Numa armadilha escondida.

O mundo que se acaba,
Por detrás de uma cortina.
Do topo pro fundo do poço
Numa peça mal resolvida.

A vida imitando o teatro.
E o cinema imitando a vida.

ElsonMSilva

MUROS DE CINZA



Qual é a diferença
Entre verde, escarlata
Amarelo e cinza?

Os muros de Sao Paulo
Hoje, pra quem não quiser ver
Ensinam.

Os pássaros de metal,
Os gatos de riscos.
Os pobres da capital.

O grito do oprimido,
As portas do quintal.
As roupas do varal.

A mão do esquecido.
O passo do desvalido.
A página do jornal.

O viaduto do chá.
O chá de hortelã.
A raposa e a maçã.

O olhar do amanhã
Nos olhos da menina
Que entra outros temas deram

Seu lugar
Aos tons  cinza.

ElsonMSilva