O fenômeno natural mais desejado pelos sertanejos
É a chuva.
Vista como uma benção de Deus.
Que nos desígnios Seus,
Decidiu testar continuamente
A fé de todo aquele povo.
A sua incerteza, e irregularidade,
força os moradores das cidades
a aguardar sua chegada.
Como se espera uma Rainha.
Que pode chegar a qualquer dia,
Ou hora,
Em silêncio ou ruidosa.
Enche a terra de alegria.
Para os do campo,
Ela é um acalanto, como o cantar das rolinhas,
que mesmo sozinhas,
Mandam embora o espanto,
E espalham por todo canto,
Ar puro de um novo dia.
O simples pingar,
De vapor simples que seja,
Nos corações já enseja
O vigor para o trabalho.
As vacas mexem os chocalhos,
Os bichos se alvoroçam,
E os que vivem da roça.
Sentem o cheiro da terra,
como um sinal para guerra,
Prontos para a batalha.
Enfrentarão mais uma vez,
Com a mesma disposição,
a árdua e pura missão
de lavrar a terra por fé.
Quem não planta não se arrisca,
quem não arrisca não colhe.
Mesmo que a terra só molhe,
Depois não lhe dê mais nada,
O sertanejo não cansa,
De apostar na sua enxada.
Ganha poucas,
Perde muitas.
Mais espalha do que ajunta.
Mas filho aprendeu de pai,
Neto aprendeu do avô:
Que o que Deus reservou,
Para cada um dos viventes,
Tá por trás da terra quente,
Escondida no Trabalho.
O campo no seu baralho
Nunca escolhe,
Ano nem data marcada.
Pra testar a valentia
Dos que vivem da enxada,
A regra do jogo é fria:
Ou arrisca tudo,
Ou não ganha nada.
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