Há quem me dera ver agora,
Os olhos de Dolores, na janela.
Aquelas pálpebras brilhantes,
De donzela,
Com seu olhar distante disfarçado.
Há quem me dera olhar,
Pra praça ao lado, da casa dela.
Onde todas as tulipas, amarelas,
Pareciam imitar a blusa dela,
Com todos aqueles detalhes enfeitados.
A que me dera, ao menos,
Ver os passarinhos,
Que dos seus ninhos, deitados,
Pareciam preguiçosos,
Contemplar, sossegados,
Os cabelos dela.
Que vistos de qualquer janela,
Mas pareciam o emaranhado de fios,
Das bobinas de linho,
De dona Carmesina costureira.
Que nas segundas feiras,
Vendia seus bordados de ouro,
E seus besouros de lata
de óleo vegetal vazia.
Há quem me dera voltar àqueles dias,
Onde os únicos problemas que existiam,
era quem ia chegar primeiro,
Naquele banco da praça,
Para junto com os comparsas,
Inventar brincadeira, só pra ficar olhando pra ela.
Dona Dolores.
Nossa professora.
Que na sala do grupo da roça,
Ensinava as letras e a tabuada.
E na praça,
Nem imaginava:
Pela sua janela aberta,
Como sonhar com as meninas.
ElsonMSilva
Nenhum comentário:
Postar um comentário